sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Estou viva?!

Ok. Estou viva! E sem maiores explicações, dou início a uma nova postagem com um tema atualíssimo - Festival de Teatro de Curitiba, ou melhor, o público dele, porque seria antiético da minha parte publicar comentários sobre aqueles aos quais estou (temporariamente) prestando serviços. (Bom, não sei se é exatamente antiético, mas estúpido certamente seria...) Trabalho na bilheteria do Festival e, por tanto, tenho conversado bastante com o público local que procura nossa humilde ajuda na hora de escolher peças deste importante evento cultural. Opa, cultural??? Sim, cultural! Embora dia desses eu tenha escutado de um senhor muito simpático a confissão de que o teatro para ele era apenas entretenimento, sendo que jamais ele havia entendido como um meio propulsor de cultura. Eu sei que a idéia central é vender, mas "peralá": como vou escutar isso e apenas sorrir informando o valor da compra? Mas também como vou aprofundar o papo quando há uma fila de clientes impacientes esperando para abocanhar seus ingressos? No mínimo um sentimento de impotência soterra o indivíduo atras do balcão.
O pior, não é saber que o que se busca é apenas entretenimento; centenas de pessoas passam pelas bilheterias todos os dias buscando em um evento cultural, não cultura, mas uma forma de se estreitar com os ícones da televisão. "Que peça que tem global?" "Tem algum famoso?" Peça, stand up, show, seja lá o que for, se não for com artista famoso, não interessa. É triste gente! Mas essa é a mentalidade do povo. Ou deste povo, não sei!
Ainda tem os que notoriamente se culpam por não aceitar sugestões para peças do Fringe, ou seja as que não participam da mostra oficial (trazida de outros estados por curadores do festival, geralmente com famosos inclusos); alegam dar peferência aos espetáculos de fora porque os demais tem aqui o ano todo. Detalhe:o Fringe abrange companhias do país inteiro. Pergunta: quantos de fato vão ao teatro no restante do ano? Um rapaz admitiu para mim, entre sorrisos, que não ia mesmo, que era desculpa. Como se fosse preciso se desculpar comigo... Mas aposto que, como ele, a maioria não vai. Não se interessa.
O fato é que mentalidades assim são incentivada justamente pela falta de incentivo. Eu pergunto novamente: qual companhia curitibana está presente na mostra oficial? Não vale citar a Sutil do Felipe Hirsch, porque ha tempos que saiu daqui (o que certamente contribuiu para que ganhasse notoriedade, reconhecimento e um lugar na mostra). Mas Curitiba tem muita coisa boa (muita coisa ruim também) e onde está o apoio? Como assim, o Festival de Curitiba não tem um representante nas oficiais?! Ops, prometi que não faria críticas severas. Fica a deixa...